Dependemos da Rede Globo


Você pode achar que a Globo é lixo, que foi criada para dar suporte à ditadura, que é a representante maior da imprensa marrom. Não tem problema. Numa coisa vamos concordar: a sociedade brasileira é dependente da Rede Globo. Não estou sendo irônico, estou sendo realista. Nossa sociedade só se move se a Globo der o pontapé inicial.

A região central do Rio de Janeiro sempre foi um caos. Basta ver os depoimentos das pessoas que trafegam por lá todos os dias. Até eu, que moro a 700 km do Rio, sei que é perigoso estar lá. Assaltos frequentes, problemas de violência, venda e uso de drogas por todo o lado. Mas, graças à Globo, nesta semana uma mulher estava concedendo uma entrevista sobre o tema "violência" quando foi assaltada ao vivo e em HD. O resultado? Como se fosse um "abracadabra" gritado por um ilusionista, o vídeo trouxe do além vários policiais e viaturas que patrulhavam a Central do Brasil no dia de hoje.

As polícias não sabem onde ficam as bocas de fumo até que a Globo descubra e mostre ao mundo. Os pedófilos continuam com sua "diversão" impunemente, principalmente no Norte do Brasil, onde todos sabem que crianças de 12 anos podem ser achadas em qualquer esquina para qualquer tipo de programa, mas enquanto a Globo não mostrar o tal prefeito no Fantástico, nada será feito.

Os revolucionários só clamaram pelo corpo de Amarildo porque a Globo estava com o assunto em pauta. Só fizeram passeatas porque o jornalismo da Globo iria cobrir o evento. Passasse só na TV Cultura e eu queria ver o que ia se tornar. É, os partidos esquerdistas também gostam de aparecer na Globo e continuar alimentando o status quo.

Resumindo de forma macabra, se a Globo não mostrar que você está morrendo, você vai morrer. Sabemos que, a exemplo do Rio, a violência e os assaltos estão tomando as regiões centrais de todos os centros urbanos brasileiros (temos 11 municípios entre os 30 mais violentos do mundo), mas se a Globo não mostrar, irá de mal a pior.

Será que devemos, então, atacá-la ou defendê-la? Se o Estado e a sociedade (isso mesmo, nós) não se movem a não ser que a Globo pague o combustível, o que devemos fazer?

O negócio é deixar a Globo cumprir o papel dela enquanto eu cumpro o meu. Deixe a Globo mostrar uma parte da verdade, mesmo porque a verdade toda não cabe na grade de programações, incluindo as propagandas. Eu também não tenho como mostrar a verdade toda, meu papel acaba se resumindo em questionar e pensar além do que me é mostrado, como as sombras da velha alegoria da caverna de Platão, que conhecemos bem mas praticamos pouco. Pensar um pouco sobre os "porquês" e os "comos". Pensar sobre os fins e os meios. E pensar de maneira que outros também comecem a pensar.

Somente pensando e colocando em prática nossas soluções é que poderemos ter uma sociedade melhor.

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