Diferença Entre Catolicismo e Protestantismo



Uma das perguntas que mais me fazem é: "qual a principal diferença entre o Catolicismo e o Protestantismo?" E, juntamente com a pergunta, sei que há uma série de dúvidas genuínas e outras nem tanto, muitas vezes esta pergunta tem a intenção de revelar o pensamento da pessoa que pergunta, mais do que aprender. Mas eu tenho uma resposta simples:

Um católico é um cristão que acredita mais na Igreja do que na Bíblia. Um protestante é um cristão que acredita mais na Bíblia do que na Igreja.

Há vantagens e desvantagens em ambos os lados. Quem está dentro do catolicismo ou do protestantismo sabe que a coisa não é tão poética quanto tentam pintar. E faço um alerta a você, que resolveu ler estas linhas: sou protestante e vou tentar ser o menos parcial possível, mas não vou conseguir ser totalmente imparcial, OK? Saiba que qualquer imparcialidade não é intencional e nem pessoal, mas uma limitação minha.

Acreditar e seguir a Igreja - enquanto instituição - mesmo em detrimento da Bíblia gerou no catolicismo uma unidade interessante e uma hierarquia clara. Embora saiba de problemas de inveja entre líderes e desejo de poder dentro da Igreja, o catolicismo estabeleceu cedo os seus limites e os preservou por um preço alto. Enquanto isso, o protestantismo possui uma certa ordem dentro de denominações mais fortes, mas é inevitável que alguém, de vez em sempre, tenha uma "revelação" divina e abra sua própria igreja numa borracharia desativada. Também é comum que o ego de algumas pessoas as façam buscar o título de pastores, bispos, apóstolos, pai-póstolos e, no último rasgo de autolatria do qual pude ter notícia, até um "rei" foi nomeado.

Mas também há problemas. E sérios. E o principal deles é que quando a Igreja Católica se desvirtua, todos se desvirtuam juntos. Foi o que aconteceu na Inquisição, que gerou a Reforma Protestante. Quando a ordem vem de cima para baixo, resta obedecer. E o grande problema é que nem sempre estas orientações doutrinárias seguem princípios bíblicos ou divinos. Poucos católicos acessam os documentos da Igreja como as encíclicas ou as bulas papais. Poucos sabem quais são as muitas e diversas práticas que os fariam ser excomungados. E quando digo práticas, digo que muitas destas coisas são praticadas abertamente sem qualquer interferência da Igreja.

Num programa de rádio, o Olavo de Carvalho externou sua fé católica defendendo o princípio de que a Bíblia precisa ser interpretada pela ótica católica. Segundo ele, as pessoas não podem tirar suas próprias conclusões para que não apareçam aberrações por aí. Depois ele fala mal do Edir Macedo por um bom tempo. Uma das coisas que o Olavo disse foi que o protestantismo joga fora 2000 anos de tradições para fazer sua própria leitura da Bíblia. Mas isto não é verdade. O protestantismo sério estuda a história da Igreja desde suas raízes, estuda os escritos de Agostinho, de Jerônimo, de Tomás de Aquino. Mas é inegável que o grande princípio do Protestantismo é que qualquer cristão tem o direito e o dever de ler e interpretar as Escrituras e, acima de tudo, que estas mesmas Escrituras estão acima de qualquer prática, teoria, filosofia, teologia ou tradição que qualquer Igreja possa proclamar.

Então, se trata de uma escolha. A Igreja acima da Bíblia? Ou a Bíblia acima da Igreja? Eu, por exemplo, escolhi seguir a Bíblia e a Igreja, nesta ordem. Quando há divergência, a Bíblia é mais importante que a Igreja. Mas, é bom que se esclareça, a escolha dos próprios livros inspirados que fazem parte da Bíblia, a definição do que é livro santo e livro apócrifo, foi definida pela própria tradição da Igreja. Confiar na Bíblia também é confiar na Igreja.

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