Estar em uma Igreja é muito bom. Significa ter pessoas que amamos próximas a nós, pessoas que cuidam de nossa família (no melhor sentido), que compartilham mesmas aspirações, mesma fé, mesma liturgia. Enfim, a Igreja local é um castelo onde podemos encontrar um pouco de amparo diante das dificuldades da vida. Existem exceções, é claro, onde a Igreja nos machuca, mas não vou falar disso hoje.
Um dos problemas que enfrentei é que nasci numa família que sempre participou da Igreja. É claro que sou grato por tudo que pude desfrutar, mas a verdade é que não abri os olhos para uma coisa simples que nunca deveria ter perdido de vista: eu deveria me situar sempre como um morador do mundo.
As Igrejas que fazem seu papel são como oásis no meio de um deserto cheio de pedras, areia, calor e serpentes. É claro que ninguém quer sair do oásis, mesmo que algumas serpentes procurem se alojar por lá. Mas a verdade é que a Igreja não foi feita para permanecer dentro de suas paredes, a Igreja foi chamada para ir ao deserto, um chamado do tipo "João Batista".
O ambiente confortável nos engana. Não podemos permitir isto. O local da Igreja é caminhando no deserto. Talvez seja por isso que Deus fez o povo peregrinar por tanto tempo antes de alcançar a Terra Prometida: ter consciência de seu chamado. Nosso chamado também é o deserto.
Somos chamados a amar nossos irmãos, mas principalmente aqueles que não se dizem irmãos. Somos chamados a amar os de religiões diferentes, de pensamento diferente, de origem diferente. Precisamos nos colocar no lugar de cada um e ver qual é a necessidade de amor que cada pessoa tem para, depois, procurar supri-la.
Fala-se muito em evangelização do tipo "Ide" ou "Vinde". Mas sugiro um novo paradigma: a evangelização do "Seja". Seja o que sonhou ser no mundo (dentro da vontade de Deus, é claro) e ame aqueles que estão contigo. Seja um pregador do deserto. Seja alguém que procura solucionar as coisas do ponto de vista do deserto e não do oásis. Pense a vida como um morador do mundo, pois assim o somos.
Comentários
Postar um comentário