A Dor e a Beleza da Mudança de Vida

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Artigo original escrito por Leo Babauta em 18/09/2013 você pode ler clicando aqui.

A razão para o nosso sofrimento é a nossa resistência às mudanças da vida. E a vida é toda mudança. Enquanto resisto a mudar (e sofrer) como qualquer outra pessoa, aprendi a me adaptar. Eu aprendi a ter alguma flexibilidade. Eu percebi que tudo muda, e isso é lindo.

A dor das mudanças da vida
O que eu quero dizer ao afirmar que o nosso sofrimento vem da resistência às mudanças na vida?
Vamos dar uma olhada em algumas coisas que nos dão problemas:

Alguém grita com você no trabalho. A mudança está enraizada no fato de que esperamos que as pessoas nos tratem com bondade, justiça e respeito, mas a realidade é que nem sempre isso acontece. Quando não o fazem, resistimos a essa realidade e queremos que as coisas sejam como queremos que sejam. E então ficamos loucos, magoados ou ofendidos.

Seu filho de 3 anos (ou 13 anos) não escuta o que você diz. Mais uma vez, você espera que seu filho se comporte de certa maneira, mas é claro que a realidade é diferente. E quando a realidade não está de acordo com nossas expectativas, ficamos estressados.

Você perde seu emprego. Esta é uma mudança enorme, que afeta não apenas sua estabilidade financeira, mas sua identidade. Se você é um professor, e perder o seu trabalho de ensino, agora vai ter que lidar com as mudanças na forma como você se vê. Isso pode ser muito difícil. Resistir a essas mudanças (e às restrições financeiras que vêm com a perda de emprego) pode ser muito doloroso.

Você tem muitas tarefas e se sente oprimido. Qual é a mudança aqui? Queremos que as coisas estejam no controle, mas há situações claras em que as coisas estão fora do nosso controle. Novas tarefas e informações vêm, novos pedidos, novas demandas. E estas mudanças são difíceis, porque pensamos que tivemos o tempo sob o controle, e agora não é mais assim. Nos sentimos oprimidos e estressados.

Um ente querido morre. Uma das últimas mudanças é a morte, é claro, mas o que mudou? Bem, a pessoa obviamente não está mais na nossa vida (pelo menos, não da mesma maneira), mas tão dolorosamente, não somos a mesma pessoa quando um ente querido morre. Temos que mudar quem somos - agora somos viúvos em vez de cônjuges, pais sem filhos ou amigo que fica sozinho (por exemplo). Nós queremos que a vida seja da maneira como era, mas não é, então nós sofremos e passamos até por momentos de ira.

Isso é apenas um começo. As coisas mudam o tempo todo, e resistimos. Nosso dia muda, nossos relacionamentos mudam, outras pessoas não agem da maneira que deveriam, nós mesmos estamos mudando, constantemente, e é difícil de lidar com estas coisas.

Portanto, esta é a dor da mudança, de não estar no controle, de coisas que não atendem às nossas expectativas. Como lidar com isso?

A beleza da mudança na vida
Podemos lidar com a dor de várias maneiras: ficar com raiva e gritar, beber ou consumir drogas, comer porcaria, assistir TV ou encontrar outras distrações. Podemos encontrar maneiras positivas de lidar com o estresse, a dor e a raiva: exercícios, conversar sobre nossos problemas com um amigo ou tentar assumir o controle da situação de alguma forma (planejar, agir, ter uma conversa difícil para resolver as diferenças etc.). Ou, podemos abraçar as mudanças.

Se as mudanças são um fato básico da vida, então por que resistir? Por que não abraçar e desfrutar?

Veja a beleza da mudança. É difícil, porque estamos muito acostumados a resistir. Vamos deixar de lado a nossa resistência e julgamentos por alguns minutos, e olhar para a beleza nas mudanças da vida:

Alguém grita com você no trabalho. Esta pessoa está sofrendo, frustrada, irritada, e está colocando isto para fora com você. Estão desabafando, tentando controlar o caos da vida (inutilmente é claro), e não estão conseguindo. Você nunca passou por isso? Você já se sentiu assim? Há beleza em nossas semelhanças, em nosso compartilhar da dor, em nossa conexão como seres humanos. Devemos abraçar o que é belo, entender o ser humano que está ferido, sentir sua dor, demonstrar compaixão.

Seu filho de 3 anos (ou 13 anos) não escuta você. Surpreendentemente, seu filho está afirmando sua independência. Ele está mostrando que é um ser humano completo, não apenas um robô que segue ordens. Você já esteve nessa posição? Alguma vez você já ficou frustrado por alguém tentando controlá-lo? Há beleza nesta independência, neste espírito de luta, nesta rebelião. Isso é o que a vida é (eu sei, a vida é mudança, mas mesmo a rebelião precisa de certo controle). Sorria com essa beleza, ame-a, dê a seu filho algum espaço para crescer.

Você perde seu emprego. Por mais difícil que seja, é um fim, mas também um começo. É o início de uma nova jornada, a oportunidade de arejar sua vida, de reinventar quem você é. Veja a beleza nesta oportunidade, a libertação da "maneira usual".

Você tem muitas tarefas e se sente oprimido. Isso é difícil, sem dúvida, mas é possível entregar-se ao caos de tarefas e informações e demandas. Você não pode fazer tudo de uma vez, mas pode deixar de querer que as coisas estejam sob seu controle completo. Há beleza neste caos. É aleatório, é louco, é vida. Veja a dor de sua resistência e a beleza nesta luta também. Então perceba que você só pode fazer uma coisa de cada vez, e faça isso. Então deixe estar e faça a próxima coisa. Ao abraçar o caos e ver a beleza nele, podemos ficar menos sobrecarregados e estressados.

Um ente querido morre. Talvez seja a coisa mais difícil de todas - e é triste, sem dúvida. Mas a morte é um fim, é uma necessidade. O fim se faz necessário para que haja a beleza: caso contrário, não apreciamos a coisa, porque é ilimitada. Os limites são a beleza. E a morte é o limite final, um lembrete de que precisamos apreciar essa bela coisa chamada vida enquanto a temos. A morte também é um começo - não no sentido de uma vida após a morte, mas um começo para os sobreviventes. Enquanto perdemos uma pessoa importante, esse fim, como a perda de um emprego, é um momento de reinvenção. Pode parecer triste, mas somos forçados a reinventar nossas vidas quando um ente querido morre, e nesta reinvenção há oportunidade. O que eu acho lindo. Finalmente, é claro, a morte é uma oportunidade para lembrar a vida da pessoa, e ser grato pelo que nos deu.

As possibilidades de encontrar beleza em nossas lutas com a mudança são infinitas. E, eu acredito, isso é maravilhoso à sua própria maneira.

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